Usualmente as vindimas iniciam-se em finais de Agosto, com a chegada das primeiras uvas Tinta Negra. Na segunda semana de Outubro terminamos os trabalhos de vindima com a colheita das últimas uvas da casta Sercial.
A nossa empresa divide actualmente a aquisição de uvas Tinta Negra entre o Estreito de Câmara de Lobos (Costa Sul) e São Vicente (Costa Norte). O Sercial vem maioritariamente do Jardim da Serra e São Jorge. O Verdelho é adquirido nas zonas dos Prazeres, Raposeira e São Vicente. O Boal é adquirido nos Prazeres, Estreito da Calheta, Campanário e uma pequena quantidade de São Vicente. São Jorge é a zona predominante na produção de Malvasia e é ali que compramos as nossas uvas dessa casta.
Em 2006 compramos uvas a um total de 135 viticultores, que nos forneceram quase 300 toneladas das diferentes castas.
A época das vindimas é o culminar de um trabalho que se desenvolveu ao longo de mais de 7 meses.
Em Fevereiro, aquando das podas, começamos as visitas às vinhas dos produtores mais importantes. Ao longo dos meses que se seguem fazemos mais algumas visitas às vinhas, acompanhando a evolução vegetativa das mesmas e transmitindo aos viticultores as nossas ideias. Nos 2 meses que antecedem o início das vindimas as nossas visitas intensificam-se a fim de podermos acompanhar bem de perto a maturação das uvas.
Em algumas zonas da ilha (São Vicente e São Jorge) trabalho acima descrito tem a colaboração fundamental dos nossos agentes. Estes representam a nossa empresa de uma forma mais regular junto dos viticultores constituindo uma ajuda preciosa em busca de uvas da melhor qualidade.
Também na relação com os nossos agentes a tradição é respeitada nos Vinhos Barbeito. De facto, tal como nós, alguns deles já são também a 3ª geração, como é caso do nosso amigo e agente actual em São Vicente, José Carlos Oliveira. O seu avô já era nosso agente nos tempos de Mário Barbeito.
Para nós, a qualidade está acima de tudo, pelo que na nossa empresa as uvas colhidas são sempre esmagadas no mesmo dia. Por vezes o nosso trabalho nas vindimas prolonga-se muito para além das horas normais de trabalho.
Os viticultores aguardam por uma verificação final do estado de maturação das uvas que achamos estar de acordo com as nossas ideias. Só depois dessa verificação as uvas são colhidas. As distâncias não podem ser uma barreira para nós pelo que, em função do ideal da qualidade, por vezes visitamos diferentes vinhas em vários pontos da ilha num mesmo dia.
Assim, as vindimas são para os Vinhos Barbeito uma época muito especial. Este é um dos períodos em que vemos os resultados do nosso trabalho conjunto com os viticultores. Queremos sempre ter as melhores uvas para tentar fazer o melhor vinho. Por esta razão também pagamos as uvas em função da qualidade, incentivando assim os nossos amigos viticultores a produzir cada vez melhor.
As vindimas também nos trazem à memória alguns viticultores que, hoje falecidos, são marcos no trabalho que demos inicio já lá vão mais de 15 anos. Como exemplos temos no Estreito de Câmara de Lobos a família Afonso ou no Campanário a família do senhor João dos Reis. Os seus descendentes dão hoje continuidade, com a mesma dedicação, ao trabalho dos seus pais. Temos orgulho em dizer que a amizade que nos une a essas famílias passou de pais para filhos.
Em 2006 também fizemos as vindimas da famosa Malvasia da Fajã dos Padres. Foi uma experiência inesquecível poder estar ao longo de algum tempo com a família Jardim Fernandes, provando os seus vinhos, recordando velhas amizades existentes entres as gerações que nos antecederam, num lugar único na história do Vinho Madeira.
O nosso maior fornecedor de uvas está em São Vicente. Agostinho Andrade Júnior é uma pessoa muito especial pela constante preocupação que mostra com a qualidade das suas uvas Tinta Negra Mole e Verdelho. Na época das vindimas alguns dos seus filhos que estão emigrados no estrangeiro vêm ajudar o pai na colheita das uvas. Um ritual que se repete todos os anos.
Finalmente não podíamos deixar de incluir algumas fotografias que são a nossa homenagem a todos os que trabalham connosco mostrando que não há idades para colher as uvas e que as vindimas não são um trabalho fácil na Madeira exigindo um esforço humano muito grande.
